População revoltada boicota Cobasi nas redes sociais após mortes de animais na enchente no Sul
- Branca Andrade
- 27 de mai. de 2024
- 3 min de leitura

Reprodução Polícia Civil
A imagem dos corpos de roedores e aves mortos após serem abandonados no subsolo da loja Cobasi, no Shopping do bairro Praia de Belas, em Porto Alegre, no sul do país, é entristecedora e tem causado revolta nas redes sociais, além de um verdadeiro movimento pró boicote à rede em todo o país. Nos posts dos internautas incentivos declarados para que os consumidores não adquiram mais produtos vendidos pela marca que assumiu que pelo menos 38 animais morreram afogados depois que funcionários teriam salvado apenas equipamentos eletrônicos.
Na nota oficial divulgada pela Cobasi a rede explica que os animais teriam sido colocados a um metro de altura e que só levaram os equipamentos pois estes ficavam a vinte centímetros do chão. Segundo a empresa, a evacuação foi feita de forma emergencial no dia 03 de maio, e não era esperado que o nível da água subisse a 3,5 metros de altura. Entretanto, a versão relatada pela empresa na nota oficial (leia a íntegra aqui), está sendo contestada por funcionários do shopping que denunciam de forma anônima que houve autorização para a gerência da loja retornar ao estabelecimento para salvar animais, e que também foi avisado que a água continuaria subindo.
A polícia civil do Rio Grande do Sul está investigando o caso e esteve no último dia 23 de maio na loja e encontrou ao menos 38 aves, roedores e peixes mortos em meio à lama. O Ibama também acompanhou a visita e notificou a pet shop a prestar esclarecimentos sobre as denúncias de maus tratos. O órgão já havia tentado realizar duas vistorias no local, mas por conta do nível da água não foi possível. Para evitar que o cenário fosse adulterado, agentes isolaram o local até que fosse possível realizar a vistoria com segurança. Os corpos dos animais já foram encontrados nesta terceira vistoria em estado avançado de decomposição (veja a nota do Ibama aqui)
A rede Cobasi atua no mercado de pet shop no Brasil desde 1985, quando inaugurou a primeira loja em Vila Leopoldina, São Paulo. Os consumidores da empresa sabem que no interior das lojas são comercializados animais de estimação, aves, roedores e peixes, em vários estados do país. A prática, apesar de não ser ilegal, é amplamente questionada entre os defensores da causa animal. Em nível federal não existe nenhuma legislação que proíba a venda de animais em estabelecimentos. No ano de 2019, um projeto de lei chegou a ser aprovado no Senado, mas acabou sendo arquivado. Em Porto Alegre existe uma lei municipal complementar que impede que animais silvestres sejam vendidos, mas não fala sobre animais domésticos. Os animais também não podem ser exibidos em vitrines.
Após a tragédia, o Ministério Público do Rio Grande do Sul deu parecer favorável a proibição de vendas de animais na loja Cobasi, do shopping de Praia de Belas, em Porto Alegre, e ainda deferiu o pagamento de multa de dez milhões de reais pela morte dos animais a serem revertidos para o Fundo Nacional do Meio Ambiente (veja a nota do MP-RS aqui)
A questão é que a comercialização de animais em pet shops é um problema bem mais amplo que a venda em uma loja de Porto Alegre. A Cobasi, por exemplo, possui 230 lojas espalhadas pelo país com comércio de animais domésticos autorizado. Uma postura amplamente questionada pela sociedade, mas sem nenhum avanço legislativo na prática. A tragédia do Rio Grande do Sul trouxe luz para diversas cenas comoventes de animais sendo resgatados em meio à crise climática. Como pode ainda não existir uma lei federal, que abranja o país inteiro, que proíba que vidas sejam comercializadas como objetos?
Enquanto a legislação brasileira engatinha em temas importantes, a sociedade ao menos se posiciona fazendo o que dá para fazer: não comprando em lojas que não cumprem seu papel social.


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